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Doado os órgãos do homem que morreu ao bater a cabeça em jogo dos cinquentões
Aos 58 anos, Valdo bateu a cabeça em partida válida pelo campeonato de futebol de cinquentões e sofreu traumatismo craniano grave
A carência de doadores de órgãos é um grande obstáculo para os transplantes no Brasil. A quantidade ainda é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Com a conscientização da população, o número de doações pode aumentar. Para muitos pacientes, o transplante é a única forma de salvar suas vidas.
O gesto de uma família de Uruguaiana significou um auxílio imprescindível para aqueles que estão na fila de espera. Mesmo sob o impacto da morte, a família foi ontem (2) ao Hospital da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana para confirmarem a doação de órgãos do comerciante Osvaldo Jesus Aria Vieira, 58 anos.
Durante um jogo de futebol válido pelo Campeonato de Veteranos, Valdo, como era chamado pelos amigos, bateu forte a cabeça ao tentar alcançar uma bola. O choque contra a cabeça do adversário foi tão forte que ele teve que ser internado no Hospital da Santa Casa com o quadro de traumatismo craniano. Durante uma semana, todos os esforços foram feitos pela equipe médica que acompanhou de perto o caso. Mas a gravidade do caso era tanta que no domingo (1), a família foi comunicada da morte cerebral de Valdo. Tido no meio dos amigos como um contador natural de “causos”, o comerciante deixou um vasto grupo de admiradores. “Nosso pai vivia rodeado por amigos”, disse na tarde desta segunda-feira, o filho Rodrigo Vieira, momentos depois da equipe do cirurgião Juliano Martini realizar a retirada de rins e do fígado do paciente. A família, emocionada acompanhou a saída da equipe médica que veio de Porto Alegre realizar a retirada dos órgãos. “O gesto da família vai auxiliar, no mínimo, a salvar outras três vidas”, garantia o cirurgião. Os órgãos seguiram no início da tarde para Porto Alegre, onde passarão por exames de avaliação para após, serem destinados a pacientes que estão em uma lista de espera. Willian Vieira, outros dos filhos de Valdo, disse que o pai era muito emotivo e solidário. “Ao ver uma reportagem sobre doação de órgãos, o pai sempre se emocionava”, revelou o jovem. Por isso, a família, de comum acordo, autorizou a doação de órgãos. “Onde quer que se encontre, ele deve estar feliz por poder auxiliar pessoas que devem ser salvas com a doação”, garante Willian.
Em menos de um ano, esta foi a terceira vez que a equipe de médicos da Central de Transplantes esteve em Uruguaiana para a retirada de órgãos para serem encaminhados a pessoas que aguardam na fila de espera a sua vez. Uma equipe de profissionais de enfermagem do Hospital da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, especializada nesse tipo de procedimento, auxiliou os médicos da capital nos procedimentos de captação.
O velório de Valdo está sendo realizado na Funerária Angelus. Segundo a família, seu sepultamento acontece nesta terça-feira (3), a partir das 10h.
A família Vieira deverá esta semana buscar conhecer o jogador que bateu a cabeça com Valdo. Conforme os filhos, a intenção é levar uma palavra de carinho e alento para uma pessoa que, segundo foram informados, está sofrendo emocionalmente pelo que aconteceu. E assim, Willian e Rodrigo estarão cumprindo uma lição que sempre esteve à frente dos ensinamentos repassados por Valdo a eles: de serem sempre solidários. Mesmo nos momentos mais difíceis. E mais uma vez a família Vieira estará demonstrando na prática a nobreza de seus gestos. Exatamente como aconteceu ontem, ao autorizar a doação dos órgãos de Valdo.
Fonte: Santa Casa de Uruguaiana