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João de Almeida Neto: o verdadeiro tamanho dos pequenos

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O Esporte Clube Uruguaiana é um pequeno clube de futebol da cidade que lhe empresta o nome, onde nasci, dei meus primeiros passos, colhi minhas primeiras paixões e firmei convicções e valores que me acompanham pela vida. Neste clube, de cuja arquibancada se pode ver o Rio Uruguai e a Ponte Internacional Brasil-Argentina, aprendi a amar o futebol.

Guri, levado pelo pai assistia aos jogos do campeonatos da cidade. Era um futebol disputado, mas cordial. Era o futebol que estamos tentando recuperar hoje, por exemplo, com a torcida mista. Guardo na memória afetiva aqueles domingos. No Estádio da Baixada, do E. C. Uruguaiana, nos Álamos, do Sá Vianna F. C., ou nos Eucalíptos, do E. C. Ferro Carril, se digladiavam, em aguerridos clássicos, os três gigantes do futebol uruguaianense.

Talvez ali, na inocência juvenil daqueles dias, tenha aprendido o real sentido da rivalidade do esporte e do futebol. À tardinha, depois do jogo, voltava pra casa, pela mão do velho Canário, que era savianista. Ele, com sua camisa verde, vermelha e branca, e eu com a minha de listas amarelas e pretas.

Neste 19 de maio, o Uruguaiana está de aniversário. Completa 103 anos. A terna lembrança e o interminável carinho são meus presentes, para que guarde junto ao hino que é de minha autoria: “Lá vem o jalde-negro da baixada/ o Esporte Clube Uruguaiana/ que quando joga luta, luta e vence/ e mesmo na disputa sempre irmana/ quando a camisa do vovô entra no campo/ é o nosso time jalde-negro que lá vai/ correndo com fé/ com a bola no pé/ parece até a correnteza do Uruguai/ Uruguaiana é o jalde negro/ Uruguaiana é raça e tradição/ tem o nome da nossa cidade/ e é o time do meu coração/ Desde mil novecentos e doze/ existe o jalde-negro da baixada/ honrando as cores amarela e preta/ da sua camisa listada/ foram nossos craques do passado/ a exemplo de Lara e Gessi/ que lutando com glória/ fizeram a história/ e a vitória morar por aqui/Uruguaiana é o Jalde-negro…”.

Seu nome está escrito na história do futebol gaúcho por ter sido o formador de dois dos maiores ídolos do Grêmio: Lara e Gessy. Hoje, suas atividades principais estão voltadas às categorias de base, lapidando jovens para o esporte e a vida, na nobre missão de educar. Ter mais caráter do que títulos é a grandeza desse pequeno clube, que entre tantas coisas me ensinou olhar por trás das aparência e reconhecer nas atitudes o verdadeiro tamanho dos pequenos.

Por João de Almeida Neto, músico e debatedor do Sala de Redação

Fonte: clicRBS

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