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Comércio na BR-290 teme ataque de barrabravas durante a Copa

A 10 dias do início da Copa do Mundo, comerciantes do trecho de 631 quilômetros da BR-290 — entre Uruguaiana, na Fronteira Oeste, e a Região Metropolitana — têm muitas dúvidas em relação ao número de argentinos que devem ir a Porto Alegre, bem como sobre o lucro que deixarão em restaurantes, hotéis e postos de combustíveis. A única certeza que eles têm é que terão problemas de segurança caso os barrabravas, torcedores violentos, consigam passar pelos controles da fronteira.

Ponte

A convivência dos comerciantes do trecho com os argentinos vem de longe. Os brasileiros separam a história dos turistas em duas. Primeiro, a época do “dame dos”, durante os anos 1990, quando a moeda deles se equiparava ao dólar e eles compravam tudo. A outra é a atual, que se caracteriza pela escassez de dinheiro e a fragilidade do peso frente ao real e a outras moedas. É esse o turista que os comerciantes estão esperando. A maioria vem de ônibus, em excursão.

— Durante as férias, eles passam por aqui e comem a comida mais barata. Costumam não dar problemas significativos. A nossa preocupação com aqueles que devem vir para ver a seleção é em relação aos barrabravas — comenta Rodolfo Posser, do Paradouro 3, um tradicional ponto de parada de excursões em São Gabriel.

Posser diz que, entre os paradouros do trecho, circulam muitas histórias sobre a violência dos torcedores argentinos. Em um outro local, o Restaurante Papagaio, em Cachoeira do Sul, Denise Messerschmidt prega que a única maneira de os comerciantes terem segurança contra torcedores violentos nas excursões é a presença da autoridade policial. Cita como exemplo o que aconteceu no início de maio — torcedores argentinos foram a Porto Alegre assistir à partida do Grêmio contra o San Lorenzo pela Taça Libertadores.

— A presença da polícia foi fundamental para que não acontecesse nenhum incidente — recorda.

No Papagaio, pararam três dos 12 ônibus de argentinos que entraram por Uruguaiana. Durante o deslocamento, circulou uma informação de que argentinos teriam se envolvido em uma confusão em um restaurante. A notícia foi repassada para vários estabelecimentos ao longo da BR-290, entre eles o Raabelândia, em Pantano Grande.

— Nós fechamos o restaurante até que os ônibus passassem pela rodovia, foi uma medida de segurança. Acredito que, se der problemas durante a Copa, nós iremos receber a informação a tempo de tomarmos as medidas necessárias — aposta Tiago Raabe, um dos proprietários do comércio.

O maior medo dos responsáveis pelos estabelecimentos do trecho da BR-290 é que se repita o que aconteceu no Restaurante e Churrascaria Prodocimo, em Alegrete, em 2012. Na época, um grupo de 50 torcedores do Corinthians retornava de Buenos Aires, onde do time paulista havia jogado uma partida pela Taça Libertadores.

— Eles pediram janta de graça e, de uma hora para a outra, começaram a quebrar tudo. Eu fui agredido — descreve o proprietário, Laurindo Prodocimo.

Ainda sem reservas, mas sem medo dos barrabravas

Os donos dos hotéis do trecho da BR-290, entre a Região Metropolitana e Uruguaiana, ainda não receberam um número significativo de reservas. Mas estão tranquilos quanto aos torcedores violentos, porque o perfil des seus cliente é outro: é o de classe média, que viaja de carro com a família. O principal ponto de parada deles é São Gabriel, por ficar no meio do caminho entre Porto Alegre e Uruguaiana e também por ter os preços de hotéis mais acessíveis, imagina Mauricio Nunes, 44 anos, 25 anos deles no Hotel São Luiz.

— A maioria dos nossos clientes fica aqui durante as férias. E acreditamos que uma parte deles deve vir para a Copa. Eles não dão problema — acredita.

Pela localização estratégica de São Gabriel para o turista argentino, nos anos 1990 empresários da Argentina e do Brasil investiram na construção do Hotel San Isidoro, que fica à beira da rodovia. Tarcísio Moreira, um dos responsáveis pela administração do hotel, tem o mesmo pensamento a respeito do perfil do cliente. E acrescenta:

— Acreditamos que teremos uns 60% do movimento do verão, que é de 90% dos 140 apartamentos. A maioria será de pessoas que já são nossos clientes, portanto, conhecidas.

Nos postos de combustíveis, a preocupação é com o uso das instalações, como banheiros e duchas de água, sem autorização dos proprietários.

— Eles vão entrando sem pedir licença e usam as instalações — reclama Osvaldo Braga Müller, do Posto de Combustível Papagaio, em Cachoeira do Sul.

As autoridades estão atentas aos barrabravas. Na fronteira, a Polícia Federal (PF) montou um sistema para identificar esse tipo de torcedor entre os 40 mil que são esperados para irem à Região Metropolitana assistir, na tarde de 25 de junho, à seleção argentina jogar contra a Nigéria, no Estádio Beira-Rio. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) deve manter carros patrulhas circulando na rodovia para cuidar da segurança dos torcedores e evitar a ação dos violentos, informa Rodrigo Cardozo Hoppe, inspetor da PRF e presidente do Comitê Executivo de Grandes Eventos. A Brigada Militar (BM) deve manter efetivos nas proximidades dos paradouros, comenta o coronel Elizeu Vedana, do Comando Regional da Polícia da Fronteira.

Fonte: Carlos Wagner / Zero Hora

Foto: Anderson Petroceli

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