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Trabalhadores do Marfrig da planta de Alegrete rejeitam acordo

Marfrig

Cerca de 280 funcionários disseram não às propostas que refletem em mudanças de contratos vigentes

Uma nova rodada de negociações entre a direção do frigorífico Marfrig e os funcionários da planta em Alegrete foi encerrada ontem. A empresa apresentou três itens considerados prioritários para a manutenção das operações na unidade com capacidade para 800 abates diários. Dos 680 trabalhadores do frigorífico, 282 compareceram à assembleia extraordinária realizada na tarde de ontem e rejeitaram de forma unanime as propostas.

Entre as propostas, estavam a flexibilização do banco de horas, novas regras para a utilização de uniformes e alterações nos contratos de trabalho com o objetivo de reduzir a jornada diária das atuais 8h48min para 7h20min. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos de Alegrete, Marcos Rosse, mesmo temendo pelos empregos, os trabalhadores rejeitaram a pauta. “Não há possibilidade de flexibilizar o banco de horas e também de reduzir a jornada, sob nenhuma hipótese. Isso estaria, inclusive, fora das atribuições do sindicato, pois alteraria contratos de trabalho já vigentes”, enfatiza.

O líder sindical ainda afirma que a ata do encontro será enviada na manhã de hoje ao Ministério Público do Trabalho de Uruguaiana, que intermedia as negociações. Segundo Rosse, a recusa pode gerar retaliações por parte da empresa. O principal temor ainda paira sobre a possibilidade, cada vez mais próxima, do fechamento da unidade de abates, cujo contrato de arrendamento vence no próximo dia 7 de novembro. O contrato de aluguel selado entre o Marfrig e o antigo proprietário, o Frigorífico Alegretense, pode ser renovado automaticamente até 2015, mas a opção também depende de avanços nas reivindicações da empresa junto ao governo.

Na semana passada, em reunião realizada no Palácio Piratini, a diretoria do Marfrig, que possui ao todo quatro unidades em operação no Estado (Alegrete, São Gabriel, Bagé e Hulha Negra), cobrou incentivos para a redução de custos para o processamento de animais oriundos de outros estados no Rio Grande do Sul. Na ocasião, o secretário em exercício da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Luís Fernando Marcondes Farinati, afirmou que as tratativas com o sindicato de Alegrete para equacionar o banco de horas seria um dos pontos mais cruciais para a continuidade da operação, em razão dos efeitos sazonais que pesam sobre a produção.

Com a recusa expressa de mais de 40% dos atuais funcionários da planta, a hipótese de que a unidade possa ser repassada para outra marca ganha força na região. “Já se fala que a planta está aberta a negociações. Mas isso depende do que o Marfrig pedirá para repassar o contrato. Para os trabalhadores, não faz sentido abrir precedentes, baixar a guarda em um momento cheio de incertezas”, comenta. Rosse ainda afirma que a diretoria da empresa deve apresentar uma contraproposta até o dia 7 de novembro. Antes disso, será preciso redefinir a modelagem e a nova estrutura de funcionamento da planta. “Para nós, não há um fundamento em acatar nada neste momento, pois a empresa possui gado para abater. A estrutura de compra daqui para frente é que depende de um projeto mais detalhado”, revela.

Fonte e Foto: Jornal do Comércio

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